domingo, 18 de dezembro de 2011


Queridos alunos e amigos de senda,


Mais um ano chega ao fim, outro ciclo se aproxima...é assim a vida: tudo termina, começa, muda, se transforma, se sustenta, evolui, recomeça, infinitas possibilidades e aprendizados!

Eu aprendi muito com todos vocês, vivi lindos momentos, ótimas conversas, risadas, desabafos, histórias, oportunidades de compartilhar os ensinamentos do Yoga, houve troca, experiências, práticas, calor, energia, relaxamento, sabedoria...juntos cantamos o OM, mãos em prece _/\_

Que lindo, que felicidade, que honra poder conviver com vocês... uns por mais um ano, outros por alguns meses, outros por ainda muitos anos (tenho certeza). Agradeço por dividirem comigo um pedacinho da vida de vocês, por confiarem em mim, e por me ouvirem com atenção e coração a cada final de prática :) Hehehehe!

Neste ano de 2012, o Ananda Espaço Yoga completa seus 4 anos de existência e vivências. Muitos laços se formaram, e também grandes amizades, mas acima disso o Yoga é um caminho, e nestes anos caminhamos juntos!

Que o bem amado cósmico abençoe nossa jornada,
Grata!


Sãos os votos de um iluminado Natal e feliz renascimento! Que haja paz e felicidade para todos os seres.

Para o ano que chega deixo um lindo e poseroso mantra:

Om Purnamadah Purnamidam
Purnaat Purnamudachyate
Purnasya purnamadaya
Puranamevavashishyate
Om Shanti Shanti Shanti

Isto é plenitude, aquilo é plenitude
O que vem da plenitude é plenitude
O que fica depois da plenitude é plenitude
Se a plenitude for retirada da plenitude
Que haja paz, paz, paz



Olhem que linda esta saudação ao sol bem diferente!  Yoga e o Gato :)


Namastê












Intensivo Hatha Yoga Pradipika,

com Pedro Kupfer em Porto Alegre.


Nos dias 2, 3 e 4 de dezembro/ 11 eu e meus colegas de senda estivemos na presença do querido Pedro Kupfer, um dos melhores professores de Yoga do Brasil. Mergulhamos profundamente nos ensinamentos do Hatha Yoga, num encontro cheio de energia e alegria!
Quanto mais eu aprendo sobre o Yoga e a tradição milenar desta filosofia prática, mais eu sei que ainda há muito a aprender e que o Yoga é uma benção que pode nos levar a verdadeira LIBERDADE.

Abaixo a introdução da escritura traduzida pelo Pedro e o Link do site editado pelo mesmo, para estudos mais completos:



"Temos o prazer de apresentar à família dos yogis brasileiros a edição em português da Hatha Yoga Pradípiká, o guia clássico para a prática avançada de Hatha Yoga. A importância desta obra radica em que ela é o manual mais detalhado sobre a ciência do Hatha que chegou até nós. Svátmáráma, o autor, parece ter vivido por volta do século XIV da nossa era. Ele integra aqui as disciplinas fisiológicas do Hatha Yoga com as práticas contemplativas do Rája Yoga, deixando claro logo no início do livro que o Hatha Yoga, "como uma escada, conduz ao elevado Rája Yoga."

O Hatha Yoga é um método de Yoga tântrico que finca suas raízes na Índia antiga, mas que surgiu com muita força no período medieval (s. IX-XII). Este sistema almeja o despertar da energia potencial usando o esforço físico extremo. Segundo a Goraksha Paddhati, uma obra contemporânea ao Hatha Yoga Pradípiká, a palavra hatha (que literalmente significa "esforço físico violento") deriva das sílabas ha, sol, e tha, lua, donde percebemos a visão dualista do Tantra. A integração das forças solar e lunar, masculina e feminina, é o objetivo deste Yoga.


O Hatha Yoga dá muita importância à prática de ásana e pránáyáma, assim como também às purificações (shat karma). A aparição deste método se vincula a Gorakshanatha, o mítico asceta fundador da ordem dos Kánphata yogis e autor dos tratados Hatha Yoga (hoje perdido) eGorakshashataka. 

Os principais livros sobre esta disciplina, afora os já citados, são a Hatha Yoga Pradípiká (segundo a tradição, baseado no Hatha Yoga), a Gheranda Samhitá e a Shiva Samhitá, sendo este último o mais extenso e elaborado do ponto de vista filosófico. 


A Hatha Yoga Pradípiká consta de quatro capítulos, com um total de 389 versos (shlokas), embora este número possa oscilar dependendo da edição. Oyogi Svátmáráma nos proporciona muitas definições fundamentais sobre algumas técnicas absolutamente essenciais nos dias de hoje. 


No primeiro capítulo, descrevem-se dezesseis ásanas. Entretanto, para desilusão de alguns entusiastas da prática física, a maioria deles são variações da postura sentada com as pernas cruzadas. Também se dão instruções sobre a dieta correta que o praticante deve seguir. A brevidade da série de ásanas descrita, aliada ao grau de dificuldade de algumas posturas "culturais" propostas pelo autor, como kukkutásana ou mayúrásana, pode resultar duplamente frustrante para aqueles que estão acostumados com a idéia de que Hatha Yoga é sinônimo de prática física suave e relaxante. 

Digo duplamente frustrante porque, por um lado, os ásanas do Hatha Yoga não são de fácil execução. Por outro lado, não se dá tanta importância assim à sua prática, já que ela aparece claramente em função do objetivo final deste sistema: a iluminação (samádhi). O resto da obra, com sua carga de práticas energéticas e meditativas, se encarrega de enterrar essas interpretações errôneas do conceito de "Yoga físico". 


No segundo capítulo se expõe a ciência do pránáyáma, as técnicas de expansão da força vital (prána). Para aqueles praticantes que apresentem problemas de saúde prescrevem-se as "seis ações" (shatkarma). Estas técnicas purificadoras devem ser praticadas antes do pránáyáma. 


O autor distingue oito tipos de expansão e controle da respiração, que denomina retenções (kúmbhaka). Afirma que estas retenções despertam o poder psíquico latente no ser humano, chamado nos textos esotéricos de poder serpentino (kundaliní shaktí). 

O processo do despertar dessa energia potencial está exposto no terceiro capítulo, e se complementa com dez "selos" corpóreos, chamados mudrás e ainda com três "contrações" físico-energéticas chamadas bandhas, que se fazem com a garganta, o ventre e o assoalho pélvico. Este capítulo conclui com uma descrição das técnicas tântricas vajrolí e sahajolí (de sublimação dos fluidos sexuais, tanto os densos como os sutis) e outras práticas de manipulação da energia. 

O capítulo final discorre sobre as técnicas de percepção do náda, o som supersutil interior que se torna audível quando a rede de canais psico-energéticos (nádís) foi devidamente purificada. Descrevem-se ainda a absorção final (láyá) da atenção na realidade transcendental e as etapas do samádhi, a iluminação. 

Acrescentamos alguns comentários ao longo do texto, que aparecem entre colchetes, para facilitar a compreensão de passagens escuras, assim como um glossário técnico onde podem encontrar-se detalhes teórico-práticos sobre os termos sânscritos. 

É nosso desejo que o leitor seja estimulado pelas vozes dos yogis da antiguidade que se ouvem claramente neste texto e pelo altíssimo valor instrumental das instruções aqui contidas, para aceitar o convite de aventurar-se no oceano da própria consciência. 

Florianópolis, dezembro de 2001. 

Pedro Kupfer


Boa prática e tudo de OMMM!

Profª Aline Freitas.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Suco verde!


Aí vai uma receita maravilhosa do suco verde, ou suco de luz. São inúmeros os seus benefícios, principalmente para limpeza e detox do corpo e da mente. Experimentem essa fonte infinita de ERGIA E VITALIDADE!

Com amor,

Aline Freitas.


SUCO DE LUZ DO SOL


Ingredientes para 1 copo:

1 maçã com casca picada e sem semente
1 pepino médio
3 folhas de couve ou outra hortaliça rica em clorofila
3 ramos de hortelã, capim limão ou erva cidreira
1 mão de grãos germinados
1 raiz, como gengibre ou cenoura
1 legume, que pode ser batata doce ou inhame

Modo de fazer:

Coloque a maçã picadinha no liquidificador e use o pepino como socador até que o primeiro líquido se forme. Coe e volte para o liquidificador. Acrescente os grãos germinados, as folhas verdes comestíveis, o legume e a raiz escolhida. Coe num coador de pano e beba em seguida.
Procure variar as hortaliças sempre que possível e prefira as de produção orgânica.








quinta-feira, 16 de junho de 2011



Que tal ajudar o planeta, economizar e ainda levar pra cozinha coisinhas especiais e orgânicas???


Estou falando do cultivo de horta em casa!!! Ter um espacinho seja em casa ou em apartamento já é o suficiente para  começar a cultivar  temperos, chás, hortaliças e até frutas e verduras :)

Eu comecei minha hortinha caseira a mais de uma ano e tem dado muito certo, além de me dar muita alegria ela faz as vezes de uma terapia ótima para os nervosos e para acalmar a mente recarregando as energias. Na minha horta tem espinafre, três tipos de alface, rúcula, couve, cebolinha, salsinha, manjericão, sálvia, hortelã, alecrim, melissa, funcho, cidró, capim cidreira, lavanda, entre outras coisas. Na hora de cozinhar a comida fica muito mais saudável e saborosa (os temperos podem diminuir muito o uso de sal), à noite antes de dormir nada melhor do que um chá para trazer um sono tranquilo e restaurador, um escalda pés com ervas  no inverno também pode ser muito relaxante e ajuda na circulação.

Enfim... existem muitas maneiras de se beneficiar de uma pequena atitude, como a de cultivar uma horta caseira! Você economiza e o planeta agradece :)

Também é possível diminuir consideravelmente o volume de lixo que produzimos, utilizando o lixo orgânico para composteiras ou minhocários! Segue alguns videos explicativos...

Se você se esforçar um pouquinho e procurar em  vídeos, livros, e no "santo" google, há muitas dicas que podem ajudar.

Faça a sua parte!!!

Abrasanas com carinho,

Profê Aline Freitas.



terça-feira, 24 de maio de 2011



Quem mantra seus males espanta!!!

Mantra: São sons e ultrassons, palavras de poder e energia que nos conectam com uma vibração superior. Os mantras são também uma espécie de instrumento de proteção mental, onde através da concentração e da repetição a mente entra em uma armadilha circular, assim os pensamentos não conseguem entrar. 

Existem muitas maneiras de repetição de mantras:

Kirtans ou bhajans : mantras cantados, trazem alegria e fazem vibrar o coração;

Japa : é a repetição de mantras, normalmente com a ajuda de um "mala" que é um colar com 108 contas. 

Bíja mantras: são mantras sementes, entoados um para cada chakra correspondente

Ajapa : mantras com repetição mental.


Alguns dos mantras que usamos em nossas práticas de Yoga e Satsanga:


  •  SHANTIPATHAH 
Prece Professor –Aluno. 

Om sahana vavatu

Saha nau bhunaktu

Saha viryam karavavahai

Tejas vinavadi tamastu

Ma vidvishavahai

Om Shanti, Shanti, Sahntih


Que Ele proteja a nós dois

Que Ele nos faça apreciar a realidade

Que nós dois tenhamos muita energia

Que nosso estudo tenha muita luz

Que nós nunca nos desintendamos

Om Paz Paz Paz 


Namastê! 

Ananda Espaço Yoga.





  •  Asatoma 

Om asatomo satgamaya
Tamasoma jyotir gamaya
Mrityorma amritamgamaya

Conduz-me

Da ignorância a verdade;
Da escuridão a luz;
Da monte a imortalidade.





  •  Gayatri mantra 

Om bhur bhuvaha svaha

Tat savitur varenyam

Bhargo devasya dhimahi

Dhiyo yonah prachodayat






OM

O Som primordial, o som Universal, o som do Yoga, o som do motor Cósmico, o som da Natureza, o som do Coração, o som Interior, o som da Meditação, o som do Silêncio, o som...

AUM!!!.




  •  Loka Samasta Shukino Bhavantu

 (Que todos os seres sejam felizes e encontrem a paz.)  


  • Om Shanti Shanti Shantih
( que haja paz, paz  e paz .)






  • Om mani padme hum

( reverenciais a jóia de lótus em seu coração.)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Surya Namaskar.



Surya é uma palavra sânscrita e quer dizer  Sol.  Namaskar  significa Saudação. Daí, Surya  Namaskar, saudação so Sol.
O Surya namaskar tem sido praticado desde a tradição védica, sendo inspirado pelos antigos Sábios, e sua origem está além da especulação. O Surya Namaskar é o primeiro vinyasa a ser ensinado para humanidade e não representa apenas uma simples prática física, mas têm inserida em si mesma  uma profunda e espiritual reverência ao astro rei. Por esta razão sugere-se que sua prática  seja realizada voltada  em direção ao nascer-do-sol (pela manhã), voltada para o norte (ao meio-dia) e voltada para o pôr-do-sol ao anoitecer.
A prática é considerada completa, tonificante, purificadora e estimulante, pois  harmoniza e beneficia todos os sistemas orgânicos, alonga os músculos,  libera toxinas das articulações e tonifica todas as glândulas do corpo. A sua prática têm uma sequência  rítmica, que reflete em doze movimentos o ritmo do universo, e estabelece um equilíbrio nas correntes energéticas do corpo, produzindo compressão, alongamento e tonificação  em todos os músculos, órgãos vitais e sistemas orgânicos, devido à sábia alternância dos movimentos de flexão e extensão da coluna vertebral.
Os benefícios da prática da saudação ao sol são incalculáveis, resultando em plena saúde e eliminação de qualquer tipo de enfermidade. Serve para equilibrar  o sistema nervoso, para ativar a circulação sanguínea e aumentar a capacidade de oxigenação da célula em todo seu potencial.
A prática do Surya Namaskar é uma  excelente  ferramenta na prevenção de doenças psicofísicas , pois todo e qualquer distúrbio respiratório , circulatório, digestivo ou mesmo intestinal é atenuado e eliminado com a prática constante. Esta dinâmica sequência é tradicionalmente reconhecida como um método preparatório às práticas de Yoga, já que sua sequência possibilita liberar as toxinas das juntas, alongar, tonificar os órgãos e relaxar todas as tensões do corpo. É uma excelente prática  para se fazer de manhã, antes dos àsanas, pois aquece o corpo, possibilitando assim a permanência nos ásanas por mais tempo.




sábado, 2 de abril de 2011


A prática de yoga desperta o anseio da alma.

Você fugiu de Deus como filho pródigo e somente retornando a ele, internamente, é que transformará esse vale de lágrimas em um porto seguro dos céus. Não há outro caminho. Se todos no mundo fossem milionários, ainda haveria problemas de tristeza, pois não se pode comprar felicidade inabalável. Essa só se obtém com a prática de uma técnica de yoga e com a devoção, interiorizando-se. Praticar yoga é metade da batalha. Mesmo que não fique muito entusiasmado no  princípio, se continuar praticando, acabará por sentir o tremendo anseio por Deus, necessário para conhecê-lo.
Porque não fazer o esforço. De onde emergem, constantemente, todas as belezas da criação? De onde vem a inteligência das grandes almas, se não do reservatório do Espírito infinito? E se essas maravilhas que você vê a seu redor não bastam para induzi-lo a buscar Deus, porque ele se revelaria a você? Ele lhe deu a capacidade de amar para que possa ansiar por ele acima de tudo. Não faça mau uso do amor e da razão. E não desperdice a concentração e a inteligência em objetos falsos.

Paramahansa Yogananda!

domingo, 13 de março de 2011

Pré-requisitos para relaxar

Por: Julie Gudmestad

Crie as condições ideais para um relaxamento profundo e tranquilize o corpo e a mente.

Tradução: Cacau Peres

Consultor: Gerson D’Addio da Silva

Qual o maior relaxamento que já teve? Você pode relaxar muito mais. Somos providos de um circuito nervoso que nos relaxa sem dificuldade, mas talvez nunca tenham lhe ensinado como usá-lo. Quando aprendemos a fazê-lo, o relaxamento vem naturalmente.
Quando relaxamos profundamente, os músculos se soltam, a pressão arterial e os níveis de hormônios do estresse baixam, e os batimentos cardíacos, a respiração e as ondas cerebrais se tornam mais lentos. O constante aquietamento do corpo e da mente pode nos ajudar a dormir melhor e a diminuir a ansiedade, além de beneficiar o coração, a imunidade e o sistema digestório.

Sistemas antagônicos
Provavelmente você já ouviu que o sistema nervoso simpático (SNS) nos ativa e que o sistema nervoso parassimpático (SNP) nos acalma. Pelo menos oito principais sistemas nervosos nos ativam, enquanto outros três nos acalmam. Para relaxar, devemos reduzir a influência dos sistemas ativadores e aumentar a potência dos sistemas tranquilizadores.
Os sistemas ativadores são responsáveis por estimular o cérebro a tomar decisões; contrair os músculos para pôr em prática essas decisões; e auxiliar o cérebro e os músculos no que for preciso. Quando nos aceleramos, tendemos a permanecer assim porque o estímulo de um sistema provoca outros, criando um efeito dominó.
Esse efeito leva à agitação cerebral, aceleração cardíaca, contração muscular e outras reações, que retornam ao sistema nervoso e continuam a estimulá-lo. Esse ciclo poderia nunca ter fim se não fosse pelos sistemas tranquilizadores.
Os sistemas tranquilizadores estimulam uns aos outros e tentam pôr um freio nos sistemas ativadores, que por sua vez tentam impedir a ação daqueles. Como existem mais sistemas ativadores que tranquilizadores, os primeiros levam vantagem, deixando-nos mais acelerados do que serenos.

O poder do Yoga restaurativo
As posturas e técnicas do Yoga restaurativo criam um relaxamento profundo estimulando os três sistemas tranquilizadores de uma só vez. A estratégia é fazer com que os sistemas tranquilizadores se reforcem ao máximo, inibindo os ativadores. Assim que os sistemas tranquilizadores começam a dominar os aceleradores, somos levados a um relaxamento mais intenso.
O Yoga restaurativo baseia-se em oito pontos que levam ao relaxamento: conforto físico, relaxamento muscular, aquecimento da pele, postura reclinada ou invertida, iluminação suave, pressão sobre os ossos ao redor dos olhos, entrega ao relaxamento e permanência na postura. Essas condições estimulam um ou mais sistemas tranquilizadores, bloqueando os sistemas ativadores.

Fique à vontade
A primeira condição é o conforto físico. Quando estamos desconfortáveis, não conseguimos relaxar. Qualquer sensação estimula nosso Sistema Ativador Reticular (SAR), uma estrutura nervosa que ativa o cérebro, os sentidos e prepara os músculos para entrar em ação. Quase tudo que ativa o SAR atrapalha a sensação de tranquilidade. O que de início parece mero desconforto quando começamos uma postura restaurativa torna-se algo insuportável em poucos minutos. Se executarmos setu bandha sarvangasana(postura da ponte) apoiados sobre uma almofada sentindo um incômodo quase imperceptível na lombar, isso pode evoluir para uma dor intensa em menos de dez minutos. Portanto, é crucial eliminar qualquer incômodo nas posturas.

Libere as tensões
No Yoga restaurativo, liberamos a tensão muscular de duas maneiras: por meio de um alongamento sutil e prolongado; e pelo uso de acessórios como almofadas, cobertores, bloquinhos e cintos – que mantêm o corpo alinhado, impedindo a contração de algum músculo durante a permanência na postura. Às vezes, a postura induz a tensão de músculos sem nos darmos conta. Se as pernas estão contra a parede emviparita karani (postura das pernas na parede), talvez seja preciso liberar a tensão dos músculos dos quadríceps para evitar que os joelhos se flexionem. Para isso, basta deixar as almofadas distantes da parede (veja a ilustração abaixo).

Mantenha-se aquecido
Manter a pele aquecida é fundamental para o relaxamento por duas razões: a pele fria estimula o SNS, aumentando a pressão sanguínea e dificultando o relaxamento. E a pele aquecida estimula o hipotálamo anterior, um centro de indução ao relaxamento que impede a ação dos sistemas ativadores. Portanto, esteja sempre aquecido durante as posturas restaurativas, sem esquecer que o excesso de calor também impede o relaxamento.

Inverta-se
Quando nos deitamos ou nos invertemos, a força da gravidade leva o sangue para a parte superior do corpo, estimulando o núcleo do trato solitário, um centro de indução ao relaxamento localizado no cérebro. Os sinais que ele envia impedem vários sistemas ativadores e estimulam o SNP, resultando em batimento cardíaco mais lento e reduzindo tensões musculares.

Luz baixa
Qualquer luminosidade que atinge os olhos manda impulsos nervosos que inibem o hipotálamo anterior, enfraquecendo os sinais tranquilizantes enviados ao cérebro. Por isso é importante manter as luzes baixas ou cobrir os olhos. Às vezes, quando estamos perto de relaxar, mas não conseguimos, é porque necessitamos de menos luminosidade. Sinta a compressão Comprimir os ossos ao redor dos olhos dispara um reflexo que estimula o SNP, diminuindo a frequência cardíaca. Por isso alguns yogis colocam saquinhos de areia sobre a testa. Essa compressão deve ser sutil, sem pressionar muito a região dos olhos.

Permita-se relaxar
Se você não se sente pronto para se entregar por completo, isso irá estimular suas amídalas cerebrais (um centro gerador de ansiedade no cérebro), impedindo o relaxamento. Encontre o momento e o lugar corretos para praticar e permita-se relaxar por inteiro.

Dê um tempo
O relaxamento profundo depende de reações químicas, como a cessão dos hormônios do estresse, que pode demorar um pouco para acontecer. Algumas reações acontecem rápido, outras, nem tanto. Para que o relaxamento aconteça de forma plena, permaneça em cada postura por cerca de 15 minutos.
 
Solte-se e deixe rolar
Viparita karani é uma excelente postura restaurativa que fornece as condições necessárias para um relaxamento profundo. Para usufruir ao máximo a postura, reserve uma boa quantidade de tempo, use roupas folgadas e escolha um ambiente silencioso e aquecido. Dobre dois ou quatro cobertores e empilhe-os paralelamente à parede. Se houver espaço, empilhe duas almofadas ao longo da parede, à frente dos cobertores. Sente-se sobre a beirada dos cobertores, deixando as pernas paralelas à parede, eleve-as e gire o tronco, deitando-se no chão. Se a pele estiver fria, use um cobertor. Cubra os olhos com um saquinho. Sinta-se plenamente confortável. Aguarde e deixe que o relaxamento venha a seu tempo. Se os pés ficarem dormentes, flexione os joelhos. Permaneça na postura por cerca de 20 minutos.

Abrace essa causa 
Agora que você aprendeu a usar a fisiologia para otimizar o viparita karani, tente aplicar técnicas parecidas em outras posturas restaurativas. Isso fará com que você experimente o relaxamento mais profundo de todos. Continue praticando diariamente e perceba que o céu é o limite.


Nosso consultor diz:
O assunto tratado neste texto é de suma importância, pois enfatiza os propósitos relaxantes e restauradores do Yoga. A postura indicada como viparita karani é proposta aqui de modo adaptado, já que uma permanência de 15 a 20 minutos na postura convencional seria insuportável para a grande maioria dos praticantes, podendo ter efeitos antagônicos aos propostos. Dentre os asanas, contudo, vale lembrar que o mais eficaz em proporcionar uma condição de parassimpaticotonia é o savasana, ou postura do cadáver, com inúmeros estudos laboratoriais atestando sua eficácia. Contudo, o próprio autor sugere que mais importante do que o asana em si é a atitude do praticante ao assumir a postura, devendo esta ser de plena entrega.



Viparita karani é uma postura restaurativa fundamental para relaxamento profundo. Para melhores resultados, use props, fique aquecido e cubra a testa e os olhos. 

FONTE: Prana Yoga Journal

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011



Yoga Sūtra de Patāñjalī


SAMĀDHI PĀDA

Sobre a superconsciência

O que é Yoga?

(I-1)  Agora uma exposição do ensinamento para obter-se o estado de yoga.
(I-2)  Yoga é a cessação da identificação com dos processos reativos da mente.
(I-3)  Então, o Observador está estabelecido em sua própria natureza essencial e fundamenta].
(I-4) De outra maneira, fora do estado de yoga, existe identificação entre o observador e os processos reativos mentais.

Modificações da mente

(I-5) Os processos reativos mentais são de cinco tipos: alguns dolorosos e outros não dolorosos.
(I-6) Eles são: conhecimento correto, conhecimento equivocado, a construção mental ou imaginação, o sono e memória.
(I-7) O conhecimento correto é baseado em cognição sensorial direta, inferência lógica ou testemunho reconhecido.
(I-8) O conhecimento equivocado supõe um conhecimento mental falso de uma coisa, que não corresponde com sua real forma, e sim com a aparente.
(I-9) O processo reativo de construção mental, ou imaginação, provém do conhecimento verbal vazio, ou sem base em nada de objetivo.
(I-10) O processo reativo mental que surge durante o sono profundo baseia-se na sensação de ausência de qualquer conteúdo mental.
 (I-11) O não completo desaparecimento de um objeto percebido é o processo reativo mental de retenção, ou memória.

Prática perseverante e desapego

(I-12) A cessação desses cinco processos reativos mentais é obtida pela prática perseverante e pelo desapego.
(I-13) A prática perseverante é o esforço constante para permanecer firmemente estabelecido nesse estado de cessação dos processos reativos mentais.
(I-14) Entretanto, essa prática perseverante torna-se firmemente estabelecida somente quando levada a cabo por longo tempo, de forma apropriada e sem interrupção.
(I-15) A consciência de auto-domínio, de alguém que tenha deixado de desejar por objetos vistos ou revelados, é chamada desapego.
(I-16) Quando se percebe o Si-mesmo, se alcança o supremo desapego e se manifesta a completa indiferença pelos elementos fundamentais da matéria.

Tipos de interiorização

(I-17) O conhecimento transcendente, ou êxtase consciente que vem com a superconsciência, é acompanhado por associações verbais (ou raciocínio dialético), sutis (ou reflexão mental), de bem-aventurança (ou sentido de puro ser) e de pura consciência de uma existência individual.
(I-18) É necessário, primeiro, um esforço persistente na supressão dos conteúdos da consciência, para que surja o outro estado de consciência que transcende o conhecimento, onde somente existem as impressões latentes remanescentes.

O esforço na prática

(I-19) Esse estado de consciência que transcende o conhecimento, nos seres imateriais e nos fundidos na matéria, se deve à persistência da imagem mental de existência pessoal.
(I-20)  No caso dos outros, esse estado de consciência é precedido por fé, energia, memória e superconsciência com conhecimento transcendente.
(I-21) O estado de consciência que transcende o conhecimento está mais perto para aqueles que praticam com muita intensidade.
(I-22) Visto que uma diferenciação também surge em razão do teu suave, médio ou intenso esforço.

Via direta mediante a devoção

(I-23) E também, o estado de consciência que transcende o conhecimento está próximo para aqueles que praticam a auto-entrega ao Senhor.
(I-24) Esse Ser Supremo é um Si-mesmo especial, que é incólume às causas de aflições da vida e aos resultados imediatos ou latentes das suas ações.
(I-25) Nele está, em grau mais elevado, a semente da Onisciência.
(I-26) Mestre, aquele que dissipa a ignorância, inclusive dos primeiros mestres, pois não está condicionado, ou limitado, pelo tempo.
(I-27) Seu símbolo verbal místico é aquele continuamente novo: o OṀ.
(I-28) Sua constante repetição (do OṀ), junto com a evocação mental de seu significado objetivo,
(I-29) como conseqüência, orienta a consciência para o interior e também o leva ao desaparecimento dos obstáculos.

Os obstáculos e soluções

(I-30) Estes são os obstáculos que causam a distração da mente: doença, apatia, dúvida, falta de entusiasmo (ou displicência), preguiça, avidez por objetos mundanos, confuso ponto de vista, não-conquista de um estágio de interiorização e instabilidade da conquista de um estágio de interiorização.
(I-31) Insatisfação, depressão, nervosismo e respiração irregular, acompanham as distrações.
(I-32) A fim de neutralizar esses sintomas causados pelas distrações, deve haver uma prática perseverante de fixar a mente em uma só verdade ou princípio essencial.

Pacificação da mente

(I-33) A serenização da mente é obtida pelo cultivo de atitudes de cordialidade, compaixão, alegria e equanimidade diante de situações de satisfatoriedade, miséria, virtude (ou justiça) e injustiça (ou perversidade).
(I-34) Ou a mente se sereniza pela expiração e retenção do alento (ou respiração).
(I-35) Ou a mente se sereniza quando se produz uma perfeita percepção mental de um objeto mantendo inativa a mente discriminativa.
(I-36) Ou a mente se sereniza através de percepções indolores ou luminosas experimentadas interiormente.
(I-37) Ou a mente se sereniza quando dirigida àqueles objetos que estão livres de apego.
(I-38) Ou a mente se sereniza quando apoiada em conhecimentos obtidos durante o sono com sonhos ou sem sonhos.
(I-39) Ou a mente se sereniza pela prática da meditação que se desejar.

Resultados da serenização mental

(I-40) Quando a mente se sereniza, seu poder de controle estende-se desde o mais ínfimo átomo até a grandeza suprema.
(I-41) Após o total enfraquecimento da identificação com os seus processos reativos da mente, como uma jóia transparente assume a cor de uma superfície colorida, o conhecedor, o processo do conhecimento e o objeto conhecido se fundem numa completa absorção recíproca.
(I-42) Na completa absorção com raciocínio dialético, se misturam as construções mentais indistinguíveis do som, do objeto em si e da sua compreensão mental.
(I-43) Na purificação total da memória, quando a mente se esvazia de sua natureza essencial, refletindo exclusivamente o objeto em si, atinge-se a completa absorção sem raciocínio dialético.
(I-44)  De igual maneira maneira se explica a completa absorção com e sem associações com objetos sutis.
(I-45) Essa sutileza dos objetos estende-se até o indeterminado estágio de manifestação dos elementos fundamentais da matéria.
(I-46) Essas absorções, realmente, pertencem a um tipo de superconsciência com "semente".
(I-47) A claridade do Ser interior surge com a transparência do estado de completa absorção sem associações sutis.
(I-48) No estágio transparente de completa absorção sem associações sutis, o conhecimento transcendente é a Verdade.
(I-49) O conhecimento direto da Verdade é diferente do conhecimento baseado no testemunho ou em inferência, porque abrange um objeto (ou aspecto) particular.
(I-50) A impressão latente produzida por este conhecimento transcendente inibe as outras impressões.
(I-51) Com a supressão até mesmo daquelas outras impressões, ocorre a supressão de todas as modificações da mente e a superconsciência sem semente surge.

SĀDHANĀ PĀDA

Sobre a prática

Atenuação das causas de aflição

(II-1)  Esforço sobre si próprio, auto-estudo e devoção ao Ser Supremo são as ações para se obter o estado de união, são o Yoga preliminar.
(II-2) O objetivo dessas ações é provocar a superconsciência e atenuar as causas de aflição.
(II-3)  O falso conhecimento, a identificação com o ego, as atrações e repulsões, em relação a objetos, e o forte desejo de viver são as grandes causas de aflições (causas de todas as misérias da vida).
(II-4) O falso conhecimento é o campo onde brotam aqueles que foram mencionados em seguida, estejam eles no estado adormecido, atenuado, interceptado ou ativo.
(II-5)  Falso conhecimento é tomar o não eterno (ou impermanente), o impuro, o doloroso e o não-Eu como sendo o eterno (ou permanente), o puro, o agradável e o Si-mesmo encarnado, respectivamente.
(II-6)  A percepção de uma existência individual ocorre pela auto-identificação, ou mistura do poder que percebe (o Si-mesmo) com o poder do ato de perceber.
(II-7)  As atrações são conseqüência do prazer.
(II-8)  As repulsões são conseqüência da dor.
(II-9)  A forte ânsia de viver é o desejo de viver inato que domina a todos, até mesmo os eruditos (ou sábios).

Causas sutis de aflição

(II-10) Essas causas de aflição, em suas manifestações sutis, podem ser evitadas pela sua reabsorção de volta à sua origem.
(II-11)  As modificações mentais que surgem delas devem ser evitadas pela meditação.

Rompendo o ciclo das ações

(II-12)  As causas de aflição são a fonte que alimenta o reservatório de ações, cujos efeitos ocasionam as experiências na vida visível (ou atual) e nas invisíveis (ou futuras).
(II-13)  Enquanto a raiz das causas de aflição existir, existirão suas conseqüências: vidas de diferentes classes, durações e experiências.
(II-14) Os efeitos alegres ou tristes dessas vidas, têm sua origem em ações meritórias (ou justas) ou não aceitáveis (ou injustas).
(II-15) Para quem desenvolveu o discernimento, tudo é unicamente dor por causa dos sofrimentos inerentes às mudanças, ansiedades e tendências bem como dos conflitos que permeiam os movimentos das qualidades fundamentais do universo.
(II-16) O sofrimento que ainda não chegou pode e deve ser evitado.
(II-17)  A origem daquilo que pode e deve ser evitado é a união do vidente com o visto.
(II-18) Com uma disposição constante para a luminosidade, atividade e inércia, o visto (o lado objetivo da manifestação) toma forma (ou é conhecido), através da interação entre os elementos tangíveis da natureza e suas percepções pelos nossos sentidos, e tem por propósito proporcionar ao Eu experiências e liberação.
(II-19) Os quatro níveis dos princípios fundamentais da natureza são: o particular (ou concreto), o universal (abstrato ou arquetípico), o diferenciado e o indiferenciado.
(II-20) O Observador, que é observação pura, apesar de puro, percebe através de imagens mentais.
(II-21) A parte visível da essência existe, dessa forma,para ser objeto daquela mesma. Isto é, a natureza manifestada existe somente para servir ao Eu.
(II-22) Mesmo que o visto desapareça para aquele Observador] que percebeu seu significado, continua a existir para os outros, por ser comum aos demais.
(II-23) A natureza autêntica e os poderes de ambos são adquiridos devido à sua união (entre o Observador e o observado).
(II-24) A origem da identificação entre o Observador e o observado é o falso conhecimento, ou seja, a falta de percepção, por parte do Observador, de sua real natureza.
(II-25) Com o desaparecimento do falso conhecimento, também some a união entre o Observador e o observado. É a completa cessação, a pura observação no estado de Emancipação da consciência.

Os oito passos e o discernimento permanente

(II-26) A prática ininterrupta do discernimento permanente entre o Real e o irreal (a percepção direta da Realidade) é o meio para se obter a dispersão do falso conhecimento.
(II-27) Nesse caso (do discernimento permanente), a percepção direta da Realidade se encontra na última etapa de um total de sete.
(II-28) Da prática contínua dos itens que levam à meta final, ocorre a destruição das impurezas e brota a luz interior da sabedoria que evolui até o discernimento permanente.
(II-29) Os oito itens são: auto-restrições, observâncias, postura, controle da energia respiratória, abstração sensorial, concentração, meditação e superconsciência.

Auto-restrições e observâncias

(II-30) Não-violência (ou inofensividade), não-mentira (ou veracidade), não roubar (ou honestidade), ausência de anseio pelos prazeres dos sentidos (não-indulgência ou continência) e possuir somente o necessário (ou não-possessividade) são as auto-restrições.
(II-31) Estes os cinco votos independem de costumes e convenções, classe social, lugar, tempo ou ocasião, e, estendendo-se a todas as situações, constituem o Grande Voto.
(II-32) Limpeza, contentamento, esforço sobre si próprio (austeridades, auto-superação ou ascetismo), auto-estudo (repetição da sílaba OM ou estudo das Escrituras) e devoção ao Ser Supremo (ou auto-entrega ao Senhor) constituem as observâncias.
(II-33) Para extinguir o raciocínio dialético (pensamentos impróprios), a constante ponderação nos opostos (ou investigação de sua natureza e implicações) é o remédio.
(II-34) Pensamentos impróprios, como os de violência e similares, podem ser gerados diretamente (por provocação), indiretamente (por indulgência) ou aprovados (por conivência), sejam eles causados por avidez (ou ganância), ira (ou ressentimento) ou engano (ou ilusão), que se apresentem em grau suave, médio ou intenso, que resultem em dor (ou pesar) e ignorância sem fim (ou percepção distorcida); por essas razões existe a necessidade de ponderar nos opostos (ou investigar sua natureza e implicações).

Benefícios das auto-restrições e observâncias

(II-35) Estando firmemente estabelecido na não-violência, em sua presença deixa de existir hostilidade.
(II-36) Estando firmemente estabelecido na veracidade, o fruto das ações depende somente de ti mesmo (da tua vontade).
(II-37) Estando firmemente estabelecido na honestidade, todas as espécies de riquezas apresentam-se.
(II-38) Estando firmemente estabelecido na ausência de anseio pelos prazeres dos sentidos (não-indulgência ou continência), grande vitalidade é adquirida.
(II-39) Quando o “correto possuir” (ou não-possessividade) se estabelece com firmeza, surge todo o conhecimento do "como" e do "porquê" da existência.
(II-40) A limpeza física conduz ao distanciamento do próprio corpo e ao isolamento social.
(II-41) Além disso, a pureza física produz pureza mental (ou pureza harmônica), disposição ao contentamento, unidirecionalidade, controle dos sentidos e aptidão para a compreensão do Si-mesmo encarnado.
(II-42) Através do contentamento (ou auto-suficiência) se obtém uma felicidade insuperável.
(II-43) Faculdades extraordinárias do corpo e dos sentidos são obtidas com a destruição das impurezas por meio das austeridades (o esforço sobre si mesmo).
(II-44) Do auto-estudo (repetição da sílaba OM ou estudo das Escrituras) resulta a conexão com uma deidade pessoal.
(II-45) Através da auto-entrega a Deus conquista-se a superconsciência.

Postura

(II-46) A postura deve ser estável e agradável.
(II-47) A perfeição se obtém mediante relaxamento do esforço de vontade e da completa absorção no infinito.
(II-48) Em conseqüência não se afeta com as polaridades.

O controle da energia respiratória

(II-49) Uma vez que existindo a perfeição da postura, a cessação do fluxo na inalação e exalação do ar leva ao controle da energia respiratória.
(II-50) Esse controle é obtido através do exercício de modificações externa, interna ou suprimida e é regulado pelo espaço percorrido pela energia, pelo tempo decorrido, pelo número de respirações e pela profundidade e sutilileza da respiração.
(II-51) O quarto tipo de exercício de modificações transcende os âmbitos externo e interno.
(II-52) Em conseqüência da obtenção do controle da energia respiratória se atenua o véu que encobre a luz do conhecimento.
(II-53) E também torna a mente sensível apta à concentração.

A abstração sensorial

(II-54) A abstração dos sentidos é como se fosse uma imitação da natureza essencial da mente, que ocorre quando os sentidos se retiram de seus objetos.
(II-55) Em conseqüência, alcança-se o supremo domínio dos sentidos.

VIBHŪTI PĀDA

Sobre as faculdades especiais

Concentração, meditação e superconsciência

(III-1) Concentração, ou perfeita percepção, é a fixação da mente, abstraída dos sentidos, em um único ponto, ou objeto de concentração.
(III-2) Nele, com a mente perfeitamente concentrada, o fluxo ininterrupto e prolongado das mesmas imagens mentais é o que se denomina meditação (plena atenção ou contemplação).
(III-3) No preciso momento em que brilha somente o objeto, como se o vazio fosse a autêntica natureza da mente, tem início a superconsciência (completa interiorização ou comunhão).

A completa integração ou controle mental

(III-4) Os três, juntos, constituem a completa integração ou controle mental.
(III-5) Pelo seu domínio, surge a luz do conhecimento transcendente (ou percepção direta da Realidade).
(III-6) Sua prática é progressiva.

O interno, na realidade, é externo

(III-7) Esses três membros são mais internos que os cinco precedentes.
(III-8) Mas mesmo esses três são membros externos em relação à completa absorção sem “semente”.

Percebendo as mudanças sutis

(III-9) Entre uma impressão latente ativadora que desaparece e uma impressão inibidora que aparece, existe um processo inibidor vinculado com cada momento mental de supressão.
(III-10) Seu fluxo torna-se constante (ou tranqüilo) pelo hábito.
(III-11) O processo de mudança mental que produz a superconsciência se produz com a eliminação de todas as distrações e o surgimento da atenção.
(III-12) Em conseqüência, novamente, quando a imagem mental que desaparece (passada) e a que surge (presente) são similares, o processo mental é denominado atenção (ou unidirecionalidade).
(III-13) Com esses, os processos de mudança de propriedades, característica temporal e estado nos elementos básicos e nos órgãos dos sentidos ficam explicados.
(III-14) A substância imutável é aquela que está na base das formas passadas, presentes ou não-manifestadas (futuras).
(III-15) A causa da diferença nos processos de mudança é a diferença nas seqüências do processo subjacente.

Alcance das aplicações do controle mental

(III-16) Aplicando a completa integração (ou controle mental) sobre os três tipos de mudanças sutis, surge o conhecimento do passado e do futuro.
(III-17) Aplicando o controle mental sobre os componentes da mistura entre o som, seu significado oculto e sua imagem mental, que normalmente estão superpostos em um estado confuso entre si, obtém-se o conhecimento do significado dos sons emitidos por todos os seres vivos.
(III-18) Pela percepção direta das impressões latentes obtém-se o conhecimento de vidas anteriores.
(III-19) Pela percepção direta da imagem mental dos outros obtém-se conhecimento da mente deles.
(III-20) Porém, não inclui os fatores que dão suporte (ou que motivam a imagem mental), pois estes não são sua natureza objetiva.
(III-21) Aplicando o controle mental na suspensão do poder (da energia) que faz visível a própria forma corporal, produz-se a desconexão entre os olhos do observador e a luz refletida pela própria forma, produzindo-se a invisibilidade.
(III-22) Da mesma forma se explica o desaparecimento do som, etc..
(III-23) Aplicando o controle mental sobre as ações, de efeito imediatos e retardados, ou, também, através de algum pressentimento, é obtido o conhecimento do fim da outra (ou seja, o fim da causa ou a chegada da própria morte).
(III-24) Aplicando o controle mental sobre a amizade, ou outras qualidades similares, obtém-se a fortaleza própria da qualidade correspondente.
(III-25) Aplicando o controle mental sobre diversas forças, como a de um elefante, obtém-se a força de um elefante, etc..
(III-26) Concentrando-se na luz da perfeita percepção extra-sensorial obtém-se conhecimento do sutil, do oculto e do distante.
(III-27) Aplicando o controle mental sobre o Sol obtém-se conhecimento do cosmos.
(III-28) Aplicando o controle mental à Lua obtém-se conhecimento em relação à configuração das estrelas.
(III-29) Aplicando o controle mental sobre a imutável estrela polar obtém-se conhecimento dos movimentos das estrelas.
(III-30) Aplicando o controle mental ao centro energético do umbigo obtém-se conhecimento da organização do corpo.
(III-31) Aplicando o controle mental à cavidade da garganta se elimina a fome e a sede.
(III-32) Aplicando o controle mental ao conduto da tartaruga, na traquéia retro-esternal obtém-se a estabilidade (uma imobilidade corporal e uma estabilidade mental e emocional ante o medo ou terror).
(III-33) Aplicando o controle mental à luz da coroa da cabeça obtém-se a visão dos seres perfeitos.
(III-34) Também conhecimento de tudo mediante uma clareza de percepção (ou intuição).
(III-35) Aplicando o controle mental ao coração obtém-se a compreensão de toda a extensão e natureza da mente.
(III-36) A experiência, baseada em imagens mentais que não distinguem entre o Si-mesmo (a consciência em estado não-modificado – o Sujeito) completamente separado e o aspecto mais puro da mente (ou a consciência modificada – o Observador), depende do outro em ti. Aplicando o controle mental sobre o que não depende de nada (sobre si mesmo) obtém-se o conhecimento da essência do Si-mesmo.
(III-37) Em conseqüência, uma clareza de percepção (ou intuição) em relação à audição, tato, visão, paladar e olfato é gerada.

Que fazer com as capacidades alcançadas?

(III-38) Isto tudo são obstáculos para a superconsciência, mas conferem capacidades especiais no estado ordinário da mente (com a mente voltada para o exterior).

Mais coisas sobre as aplicações do controle mental

(III-39) Quando se enfraquecem as causas dos apegos ao próprio corpo e psique e surge o conhecimento completo do vaguear da mente , pode-se mentalmente penetrar em outro corpo.
(III-40) Pelo domínio da energia ascendente obtém-se a capacidade de levitar e não ser afetado (ao caminhar) pela água, pelo barro, pelos espinhos etc..
(III-41) Pelo domínio da energia reguladora obtém-se uma luminosidade incandescente no corpo, como uma aura visível, proporcionando a distribuição eqüitativa dos alimentos.
(III-42) Aplicando o controle mental sobre a relação entre o espaço vazio e a audição obtém-se a audição superfísica.
(III-43) Aplicando o controle mental sobre a relação entre o espaço vazio e o corpo e, ao mesmo tempo, mediante a completa identificação com algo leve como algodão obtém-se o poder de viajar pelo espaço.
(III-44) Através do profundo processo mental existente além do corpo e da psique, o qual é intelectualmente inconcebível pois tem lugar fora do conjunto corpo/psique, desaparecem os véus que encobrem a luz.
(III-45) Aplicando o controle mental sobre a forma física, a natureza essencial, a forma sutil, suas interpenetrações (ou interconexões) e suas finalidades obtém-se o domínio desses elementos.
(III-46) E então, pelo domínio desses elementos, se manifestam capacidades como reduzir o tamanho dos objetos e outras (como ampliar o tamanho, imprimir leveza e aumentar o peso dos objetos, ir a todos os lugares, controlar todas as coisas, realizar todos os desejos e criar todas as coisas, a perfeição do corpo e a faculdade dessas capacidades não serem afetadas pelos poderes dos elementos.
(III-47) Essa perfeição corporal se manifesta na forma como beleza, na graciosidade dos movimentos, na força e numa solidez (e resistência) diamantina.
(III-48) Aplicando o controle mental sobre o processo de percepção, sobre a natureza essencial, sobre o senso de individualidade, sobre a interconexão (entre esses últimos) e sobre a finalidade dos sentidos, obtém-se o domínio sobre todos os órgãos dos sentidos.
(III-49) E então, (pelo domínio dos órgãos dos sentidos), obtém-se cognição instantânea, uma condição de total independência dos sentidos e um completo domínio sobre as forças da natureza.

Renúncia e Emancipação (Libertação)

(III-50) Quando estabelecido com firmeza no percebimento da distinção entre o aspecto mais puro da mente (o Observador) e o Si-mesmo (a consciência em estado não-modificado – o Sujeito) é obtida a supremacia sobre todos os estados de existência (onipotência) e conhecimento total (onisciência).
(III-51) Pelo desapego até mesmo a isso (ao percebimento da distinção), se destrói a própria semente da imperfeição e obtém-se a Emancipação da consciência.
(III-52) O surgimento de respeito advindo de entidades superfísicas (ou devido a visões místicas deles), não deve causar o apego (ao prazer de...) ou o orgulho, porque ainda podem voltar a surgir inclinações indesejáveis.

O discernimento mais elevado

(III-53) Aplicando o controle mental sobre um instante do tempo e sua sucessão (a um outro instante), obtém-se o conhecimento (ou Sabedoria) que nasce desse discernimento.
(III-54) Daí (da sabedoria que nasce do discernimento entre um instante e seu sucessor) obtém-se a percepção da diferença entre objetos similares que não podem ser distinguidos por classe (condicionamento externo), características (sujeitas ao tempo) ou posição (no espaço).
(III-55) A Sabedoria nascida do discernimento é transcendente, e como tal, inclui a cognição de todos os objetos e todas as condições, independente do tempo (em todos os tempos e no instantâneo agora).
(III-56) Finalmente, quando o aspecto mais puro da mente (ou a consciência modificada – o Observador) e o Si-mesmo (a consciência em estado não-modificado – o Sujeito) alcançam a mesma pureza obtém-se a Emancipação da consciência. 

KAIVALYA PĀDA

Sobre (pāda) a Emancipação (kaivalya)

Meios para se obter a superconsciência

(IV-1) As capacidades adquiridas são resultado de nascimento, drogas, sons sagrados, austeridades ou superconsciência.
(IV-2) A transformação de uma categoria ou tipo de existência em outra faz-se pelo reajuste (ou reorientação) de sua natureza, pois há grande quantidade de tendências ou potencialidades naturais.
(IV-3) A causa instrumental inteligente não impulsiona (ou provoca) as tendências naturais à atividade (não pode alterar a hereditariedade), mas limita-se a escolher os obstáculos a serem removidos, portanto atua como um agricultor que, irrigando um campo, meramente supera obstáculos.

Domínio dos estados mentais

(IV-4) As diferentes mentes artificiais criadas conscientemente surgem somente do "senso de individualidade" (ou da pura consciência de existência).
(IV-5) A mente única é a causa primeira, que dirige ou move todos os estados mentais em suas diferentes atividades.
(IV-6) Desses distintos estados mentais, o que nasce da meditação é livre de impressões (livre de motivações ou intenções).

As ações

(IV-7) As ações do praticante avançado (daquele que age sem desejo pessoal), não são brilhantes nem escuras (nem boas, nem más); no caso dos outros, eles são de três tipos.
(IV-8) Dessa forma, a manifestação das tendências somente acontece quando surgem as suas condições apropriadas.

As impressões subliminares

(IV-9) Existe uma relação de causa e efeito ininterrupta entre as impressões subliminares e as ações, mesmo que separados por classe, lugar e tempo, porque memória e impressões subliminares são o mesmo em termos de forma.
(IV-10) E não existe um começo no tempo para as impressões subliminares, pois é eterno o desejo de viver.
(IV-11) Estando interligados como causa e efeito, substrato e objeto, eles (os efeitos) desaparecem quando aqueles (as causas) desaparecem.
(IV-12) O passado e o futuro existem em sua própria forma (tão reais quanto o presente), pois dependem das propriedades nesses três diferentes caminhos.

Os constituintes fundamentais

(IV-13) Estas formas do tempo passado e futuro, manifestos ou sutis, compõem-se de constituintes fundamentais.
(IV-14) A essência dos objetos consiste na harmonia da transformação dos constituintes fundamentais.

A mente que percebe

(IV-15) Apesar de o objeto ser único, dada a variedade de mentes, há diferentes níveis de existência para ambos (objeto e conhecimento).
(IV-16) Além disso, o objeto não depende de uma só mente porque senão o que aconteceria com ele quando não fosse por ela percebido?
(IV-17) Um objeto será conhecido ou não pela mente, de acordo com a forma como modifique essa mesma mente.

Iluminação da mente

(IV-18) As modificações da mente são sempre conhecidas por seu dono, o Si-mesmo imutável.
(IV-19) Ela a mente não percebe a si mesma, pois ela mesma é observável.
(IV-20) E nem lhe é possível ser consciente das duas maneiras como uma única condição (como aquele que percebe e como aquele que é percebido ao mesmo tempo).
(IV-21) Se fosse admitido a observação da mente por um outro nível mental, ocorreria uma infinita regressão entre mentes sucessivas e também a confusão de memórias.

O Observador e a Libertação

(IV-22) Somente quando a consciência imutável identifica aquela outra forma da mente mutável, é que ocorre a percepção do Observador em si mesmo (auto-cognição).
(IV-23) Somente quando a mente é colorida (ou afetada) tanto pelo Observador como pelo observado é que se poderá perceber qualquer objeto.
(IV-24) Embora ela (a mente) seja diversificada através de inúmeros impulsos potenciais, sua função é agir em associação com o outro (o Observador), ou seja, estar continuamente ã disposição Daquele que percebe.
(IV-25) A investigação acerca da natureza do próprio Ser, ou seja, o sentimento de “eu sou isso”, cessa para aquele que percebeu a distinção entre o Sujeito e o Observador.
(IV-26) E então a mente inclina-se, através do discernimento (ou Sabedoria), para a Emancipação (a pura observação ou Isolamento).

Distúrbios próximo à Libertação

(IV-27) Nos intervalos (dessa mente em evolução) surgem outras imagens mentais pela força de impressões latentes.
(IV-28) Sua remoção (das impressões latentes) consegue-se da mesma forma descrita para as causas de aflição.

A Libertação

(IV-29) A percepção direta da Realidade, obtida na superconsciência numa nuvem de virtudes, se consegue quando se mantém um estado de inteiro e constante desinteresse (ou desapego), até mesmo em relação ao mais exaltado estado de percepção.
(IV-30) Dessa forma, cessam todas as ações baseadas nas causas de aflições.

A pobreza dos conhecimentos obtidos até então

(IV-31) Então, em conseqüência da remoção de todos os obstáculos e impurezas, o pouco que pode ser conhecido através da mente, é insignificante em comparação com a imensidão sem fim do conhecimento obtido.

Os elementos fundamentais da natureza depois da Libertação

(IV-32) Dessa forma, ao haver cumprido sua razão de ser, acaba o processo de transformação dos elementos fundamentais da matéria.
(IV-33) O processo que se segue a cada instante no tempo se torna perceptível no ponto extremo de uma modificação mental concreta.
(IV-34) Finalmente, o estado de Emancipação (pura observação ou Isolamento) é a involução dos constituintes fundamentais da matéria, por estarem destituídos de todo sentido para o Si-mesmo, e também é o estabelecimento do Si-mesmo em sua verdadeira natureza, que é Consciência-Poder.
BIBLIOGRAFIA
1. Azevedo, Cláudio; Yoga Sūtra de Patāñjalī, Editora Órion, Fortaleza, 2.006;

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Ilimitada, sou uma pessoa que vive a vida de maneira simples e feliz...busco estar em união com Deus, com o universo, com pessoas do bem, com a natureza e comigo mesma.Sou formada em Educacão Fisíca e minha paixão pelo Yoga começou a oito anos atrás, desde então, estou em constante processo de aprendizado para compreender, praticar e ensinar a filosofia yogue em toda sua dimensão. O Yoga é a luz no meu caminho e somente ele trouxe ao meu encontro Deus, que se estabeleceu no meu coração para toda a eternidade! "...finalmente, vi o sol brilhando por trás das nuves, e nunca mais esquecerei a sua face." Ensinar o disciplina yogue me possibilitou estar sempre em contato com seres de luz, minhas alunas e alunos, com quem tenho uma relação de amizade e carinho muito grande e é por isso que criei este blog para ficarmos ainda mais próximos. Ai está um pouco de mim...Namastê!

Sat Sanga, Comunhão com a Verdade!

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